segunda-feira, 6 de abril de 2015

Alambique artesanal de AL produz cachaça que é referência internacional.

Embora a cachaça seja a bebida mais popular do Brasil, fabricada desde o período colonial com técnicas artesanais, somando hoje mais de 30 mil produtores em todo o país, o destilado que é sinônimo da identidade da nação verde e amarela só alcançou projeção nas últimas décadas, quando perdeu a estigma de subproduto e ganhou status, ocupando prateleiras e adegas de luxo em todo o mundo.



É neste cenário de uma bebida mais requintada que disputa espaço com destilados internacionais que a empresa alagoana Gogó da Ema atua desde 2004. Com uma cachaça produzida em um alambique artesanal que fica localizado na Fazenda Recanto, no município de São Sebastião, no Agreste alagoano, a empresa já conquistou diversos prêmios pela qualidade da bebida.

O último, anunciado na semana passada, foi a medalha de prata na São Francisco World Spirits Copetion, nos Estados Unidos (EUA), para a cachaça tradicional, que já acumula prêmios nacionais e na Bélgica.

Na ocasião, nos EUA, foram avaliados por especialistas internacionais mais de 1,5 mil rótulos de bebidas destiladas – cachaças, whisks, vodkas, run, gin e licores.

Com o objetivo de conhecer um pouco mais sobre a produção da cachaça com selo alagoano que vem ganhando projeção no mercado nacional e internacional, a reportagem do Portal G1 foi até o alambique artesanal da Gogó da Ema para acompanhar o processo que garante os critérios de qualidade exigidos pelo mercado de bebidas.

Logo na chegada da fazenda, que fica a 125 km de Maceió, o empresário Henrique Tenório explica a diferença entre cachaça e aguardente ao enfatizar que é comum as pessoas fazerem confusão ao falar sobre essas bebidas.

"A palavra cachaça foi ao longo dos tempo sinônimo de bebida sem qualidade, e até no linguajar pejorativo atribuído ao consumidor que não possui limites. No entanto, ao contrário da aguardente, a cachaça é uma bebida de excelência, um tipo de destilado com teor alcoolico controlado. Sem adição de água, açúcar ou qualquer outro componente. Tanto que em sua fabricação só é extraído do alambique o líquido mais nobre da cana. Com isso, a parte da bebida que possui metais pesados, que fazem mal a saúde, é descartada”, diz.

Para a produção artesanal da cachaça de qualidade o controle de padronização começa ainda no campo, com o corte da cana crua feita a mão. Em seguida, o caldo da cana é extraído e enviado para tonéis de inox onde passa pelo processo de fermentação, para depois ser lançado no alambique de cobre para destilação.

Na fusão, a cabeça, onde se concentram os metais pesados da planta, é separada do ‘coração’, parte nobre da bebida. Após esta etapa, a bebida segue para maturação em barris de inox, bálsamo ou jequitibá.

“Na maturação, quando ocorre o envelhecimento da cachaça, é onde está o segredo que assegura os tons e sabores. Com isso, dependendo do objetivo, a bebida pode passar de 2 a 7 anos armazenada. Cada barril e o tempo de armazenamento da bebida é o que define como será a cachaça”, expõe Henrique, ao enfatizar que, para comemorar os 10 anos de fabricação, o alambique Gogó da Ema vai lançar em breve uma série especial e limitada de cachaças com uma década de maturação.

A partir do controle de padronização, a cachaça é avaliada em laboratório e engarrafada seguindo rígidos controles de qualidade antes de chegar ao público consumidor. “É um longo trajeto, porém, necessário para assegurar qualidade e cativar paladares. Com isso, temos três tipos de produtos: a branca, envelhecida em tonéis de inox; a mix, com tom frutado, envelhicida em tonéis de jequitibá; e a tradicional, que é envelhecida em bálsamo e a que possui mais prêmios e citações por especialistas”, relata.

Com produção limitada, o alambique produz entre 25 e 30 mil litros de cachaça por ano, comercializados em 10 estados brasileiros. “Poucos são os fabricantes que atendem aos critérios do Ministério da Agricultura, e menos ainda os que fabricam uma bebida de alta qualidade. Assim,Alagoas pode se orgulhar, pois mesmo com alambiques de menor porte o estado vem sendo bem representando dentro deste mercado”, completa Henrique.

Visitas
Quem quiser conhecer a produção de cachaça do alambique Gogó da Ema pode agendar previamente a visita através dos números (82) 3241-4237 / 9935-9065.

O momento é uma oportunidade para saber mais sobre a forma de produção da cachaça artesanal e desgutar a variações da bebida.

“Fazer a visita é uma experiência interessante porque ao conhecer como é produzida a bebida, quebramos alguns tabus sobre a cachaça. E vemos como esse produto é importante para o setor comercial e cultural do estado, e até mesmo do país”, falou o estudante Lehi Ulisses.

Fonte: globo.com


quinta-feira, 2 de abril de 2015

Devemos falar sobre os produtores informais da cachaça artesanal?


Para muitas famílias, geralmente localizadas nas regiões mais pobres do Brasil, produzir cachaça artesanal tem a mesma importância de se plantar um pé de feijão: é uma questão de subsistência.
De maneira informal, sem qualquer registro do Ministério da Agricultura ou conhecimento técnico, esses produtores não destilam pela arte ou por amor ao ofício. Nestes lugares, cachaça é uma cultura de produção que complementa a renda familiar.

Grande parte das bebidas informais não é feita com o compromisso de agradar paladares. O consumidor que passa pelo alambique e leva a sua PET cheia de pinga não compra pra degustar – o que se espera é apenas os efeitos do álcool. Não existe a alquimia de um produtor que escolhe a cana a dedo, que cultiva a sua levedura com cuidado ou inventa um blend de madeiras nobres. Por essa falta de compromisso, apesar de muitas vezes serem perfumadas ou até saborosas, as cachaças informais possuem elementos indesejáveis e perigosos como o metanol e o cobre.
Mas mesmo assim, nas minhas próximas viagens quero colocar um ou outro alambique informal no meu roteiro de visitas.

No Brasil são registradas mais de 4 mil marcas de cachaça de alambique – número bastante expressivo. Mas se formos considerar as cachaças de alambiques informais podemos multiplicar esse número por 10 (uma estimativa feita pelo mercado, não conheço uma fonte que se propôs a investigar o número de fato – tá aí uma ideia). Mas a realidade é que em algumas cidades do norte de Minas, por exemplo, são encontrados centenas de produtores fazendo 5-10 mil litros de cachaça por ano no quintal de casa. Esse cenário se repete em muitos outros estados brasileiros.
O motivo para existirem tantos produtores informais é simples: cachaça barata vende. O pequeno produtor familiar tem seu preço condicionado pela grande indústria de cachaça que paga de R$1 a R$2 pelo litro de pinga produzido. Um desses produtores da cachaça curraleira (como também pode ser chamada essa pinga) me disse que o preço depende muito da safra e que muitas vezes são reféns dos valores impostos pela indústria.
No final da produção caminhões passam por essas pequenas cidades e se abastecem com centenas de milhares de litros de pinga que depois serão padronizados ou até mesmo redestilados em alambiques formais. Pelo preço barato da cachaça comprada de terceiros, a indústria consegue colocar no mercado uma cachaça formal com preços muito competitivos. Em muitas dessas empresas a cachaça comprada chega a representar até 60% da produção.
Partindo de fontes infomais a cachaça se espalha por todo o Brasil com rótulos, selos de conformidade e algumas até premiadas por quem mais condena a pinga curraleira.
Deixar de falar desses caras ou apenas destacar seus pontos negativos é excluir toda uma economia da cachaça, que possui mais trabalhadores do que a indústria automotiva nacional. Com o mercado desinformado quem sai perdendo é principalmente o pequeno produtor formalizado de cachaça artesanal – que não consegue justificar para o consumidor o valor agregado ao seu produto.

Para quem quer entender sobre o cenário de produção de cachaça no Brasil é fundamental olhar para os informais. São eles os responsáveis pelo abastecimento de muitas prateleiras. Torcer o nariz e condenar o pequeno produtor ilegal é uma grande hipocrisia, afinal a cachaça com registro que você tomou no bar pode ter sido destilada no curral de algum produtor da cachaça artesanal informal.
Disponivel em: http://www.mapadacachaca.com.br/artigos/devemos-falar-sobre-os-produtores-informais-de-cachaca/

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ovo de Pascoa com Caipirinha

Com o preço alto dos ovos de pascoa industrializados, muita gente começou a recorrer aos ovos de fabricação artesanal e cada vez mais este vem se tornando uma boa opção para quem não quer de deixar de presentear com um belo ovo de chocolate no domingo de pascoa.
Hoje vamos mostrar uma receita diferente e muito saborosa para você que quer se aventurar na cozinha e preparar o seu próprio ovo de pascoa e ainda de quebrar utilizar a nossa querida cachaça!



Ovo de Páscoa de Caipirinha

Autor:
Chef Nova Safra
Porções:2 cascas de 500gr
Tempo de Preparação:50 Minutos

Ingredientes
·         Para a casca:400 gr de chocolate amargo ou meio amargo
·         Para o recheio: 300gr de chocolate branco
·         100gr de creme de leite
·         50ml de Cachaça
·         1 colher de sopa de pó de sobremesa de limão
Instruções
1.   Prepare os ovos: derreta o chocolate ao leite em banho-maria ou no micro-ondas por 3 minutos na potência média. Retire do forno e mexa até acabar de derreter.
2.   Transfira para um refratário limpo e bem seco e mexa o chocolate até que, ao encostar um pouco nos lábios, dê a sensação de frio. Reserve.
3.   Com um pincel, espalhe camadas finas de chocolate sobre os moldes para ovo de 500 g.
4.   Leve os moldes à geladeira com a cavidade virada para baixo até secar. Repita esse procedimento mais duas vezes, retirando da geladeira quando o chocolate estiver frio.
5.   Prepare o recheio: em uma panela derreta o chocolate branco conforme as instruções da embalagem, em seguida adicione o creme de leite, o pó para sobremesa de limão Cachaçae misture bem.
6.   Leve ao fogo até formar um recheio cremoso. Em seguida coloque para gelar.
7.   Com as costas de uma colher, espalhe uniformemente o recheio já frio sobre as cascas de chocolate, que devem estar bem secas e firmes. Deixe 1 cm das bordas sem recheio para fixar melhor a última camada de chocolate.
8.   Volte à geladeira até o recheio firmar.
9.   Espalhe uma camada de chocolate sobre o recheio, cobrindo-o totalmente.
10.     Com uma espátula, raspe as beiradas do ovo eliminando o excesso de chocolate.

11.     Leve novamente à geladeira até que o chocolate fique firme e, quando o molde estiver opaco, desenforme o ovo.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Centro Universitário Senac - Campos do Jordão e Senac São José dos Campos ainda oferecem diversas atividades gratuitas, como palestras, oficinas e mesa-redonda

Duas cidades do Vale do Paraíba continuam com suas programações nesta edição do Festival Cachaça Gourmet & Café: São José dos Campos e Campos do Jordão. Referência na capacitação de profissionais que atuam no segmento de serviços e bebidas, o Senac apoia o evento e promove atividades gratuitas na unidade São José dos Campos e também no Centro Universitário Senac – Campos do Jordão.


Seguindo com sua missão educacional, a instituição oferece, ao longo do festival, palestras e oficinas que abordam temas como o valor da cachaça no turismo e nos negócios. A mesa-redonda, realizada no Centro Universitário Senac – Campos do Jordão, contará com especialistas da área debatendo sobre o Turismo Gastronômico: estratégia de sucesso para destinos turísticos.
Com portfólio diversificado na área de bebidas, o Senac São Paulo é sinônimo de tradição e inovação no mercado quando se fala de formação de profissionais para atuarem em bares e restaurantes. A instituição tem tradição na oferta de cursos desde o início da década de 1950 e realiza, desde 1974, ações voltadas a serviços e degustação de vinhos, sendo que o primeiro curso de sommelier foi lançado em 1987.
Nos últimos anos, o Senac São Paulo ampliou seu portfólio, proporcionando ao aluno desenvolver-se em diferentes segmentos, como o da cerveja e da cachaça. Em 2013, firmou parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) para lançar o curso de Formação de Sommelier: Cachaças e, em 2014 promoveu um título para explorar a relação entre Cachaças e Madeiras: inovação e oportunidades.
Festival Cachaça Gourmet & Café                                       
Gratuito
Centro Universitário Senac – Campos do Jordão
Local: Av. Frei Orestes Girardi, 3549 – Vila Capivari – Campos do Jordão
Inscrições: www.sp.senac.br/camposdojordao

Oficina: Como a cachaça agrega valor ao seu negócio
Data: 25/3
Horário: das 29 às 21 horas
Palestrante: Gilson Rosa, graduado em Tecnologia em Hotelaria. É sommelier de cachaça. Foi jurado no ConcoursMondial de Bruxelles-Spirits Selection 2014. Palestrante em eventos como Associação Brasileira de Agências de Viagens- ABAV, Mesa ao Vivo São Paulo sobre serviços de alimentos e bebidas. Foi docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo nas áreas de turismo, hotelaria e gastronomia. É docente do Centro Universitário Senac – Campos do Jordão na área de alimentos e bebidas e pesquisador de bebidas espirituosas.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Colecionador mineiro de cachaça entra para o Guinness

Em uma verdadeira biblioteca de cachaças, o administrador de fazenda Messias Soares Cavalcante, de 62 anos, em Alfenas, no Sul de Minas, conseguiu reunir em 20 anos mais de 12,2 mil garrafas da bebida genuinamente brasileira. As pingas estão catalogadas em ordem alfabética e se destacam pela boa conservação, curiosidades e pelos exemplares raros, que podem custar até U$ 10 mil, cada.


Atualmente, o colecionador anda sorrindo a toa, não por que gosta de degustar as “branquinhas”, mas por ter recebido há uma semana o título de maior colecionador de cachaça do mundo pelo Guinness World Record. O recordista exibe o documento oficial que veio dos Estados Unidos e diz que está orgulhoso de ter trazido o certificado para Minas Gerais.
Entre novas aquisições e garrafas repetidas, a coleção de Messias soma hoje 13.012 exemplares, de 1.670 cidades, confeccionadas por 6.249 produtores de 14 países. A maioria do acervo foi produzida em Minas: 5.195 garrafas. A segunda colocação é para São Paulo, com 3.372 e o restante veio dos outros estados brasileiros, além das que foram adquiridas em Portugal, Argentina, Bolívia, Venezuela, México, Panamá, etc. Tudo começou quando Messias trabalhava no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo.
Durante uma das inúmeras viagens que fazia pelo Brasil, encontrou uma cachaça com nome interessante e comprou. A partir daí, não parou mais. O grande acervo foi formado com aquisições em supermercados, bares, lojas especializadas e de antiguidades, leilões, pela internet e compra de coleções já existentes.
A coleção ocupa uma área de 130 metros quadrados, dividida em três salas construídas ao lado da casa da Fazenda Espigão, na zona rural de Alfenas, que Messias administra e mora com a esposa há 15 anos.
 As milhares de garrafas de todos os tamanhos e formatos foram numeradas e catalogadas de A a Z, e ficam armazenadas em prateleiras de alvenaria, cada uma embalada em plástico transparente. 
Lá estão desde garrafas finas e raras até algumas de plástico PET. Há os tradicionais recipientes de vidro e outros de cristal, porcelana e metal. Alguns são revestidos de couro, palha, folha de bananeira e serragem.

Pesquisadores da bebida indicam que a comercialização de cachaças em recipientes individuais e rotulados teve início no fim do século 19. Um capítulo à parte das bebidas é a variedade dos rótulos. 
Messias comenta que a maioria não é possível datar, pois as garrafas geralmente não trazem essa informação, mas ele calcula a antiguidade pelo tipo de material usado nos rótulos, como alguns confeccionados em papel e pintados a mão à bico de pena ou tecido. 
Outros são de plástico ou jateados com tinta no próprio vasilhame. O recordista acredita que a mais antiga é de 1928, uma das poucas datadas.


Messias explica que gastou mais de seis meses para reunir toda a documentação que comprovasse a coleção, mas que o esforço valeu a pena. “O último recorde foi conquistado por um pernambucano em 1999 e ficou com ele até o mês de maio. Agora, o trouxemos para Minas Gerais. Estou muito feliz por isso”, disse.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Técnicos e agricultores investem na produção de cachaças especiais

O segmento das cachaças especiais vem ganhando espaço dentro e fora do país.  Elas são feitas de forma artesanal, em pequenas quantidades. Com investimentos para melhorar a qualidade da bebida, tem agricultor ganhando dinheiro e respeito no mercado.


A cachaça é a mais brasileira das bebidas. Faz parte da nossa cultura e da nossa economia, desde o início da colonização, “Após 1530 chegaram as primeiras mudas de cana de açúcar, principalmente para a produção de açúcar. Junto com o açúcar, começou-se a produzir o álcool, a cachaça, porque era uma moeda de troca para a compra de escravos na África pra poder movimentar esses engenhos aqui no Brasil”, explica o químico Erwin Weinmann.
Weinemann é especialista em cachaça e já escreveu até livro sobre o assunto. Ele conta que hoje, a fabricação artesanal da bebida emprega mais gente no Brasil, do que a indústria automobilística. “A cachaça artesanal gera mais de 500 mil empregos. A indústria automobilística gera 220, 230 mil”, afirma.
O dado não leva em conta as grandes indústrias. Estamos falando apenas dos alambiques artesanais. Empresas pequenas, que investem mais em qualidade do que em quantidade. Estima-se que hoje existam perto de 30 mil destilarias artesanais no Brasil, que produzem por ano algo em torno de 500 milhões de litros de cachaça.
Um desses alambiques pertence a uma empresa familiar que produz cachaça há mais de um século. Ivoti é o berço da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Os traços da colonização germânica estão preservados na Picada 48, uma comunidade rural, tombada pelo patrimônio histórico nacional:
As primeiras famílias chegaram à Picada 48 em 1824, trazendo na bagagem a esperança de uma vida melhor e as profissões que já exerciam na Alemanha. Uma dessas famílias era fabricante de uma bebida destilada feita com batata: o schinapz. Aqui no Brasil, eles conheceram a cana de açúcar e foi assim que começou uma longa história na produção de cachaça.
Weber Haus ou em português, casa dos Weber. A família vive em 30 hectares de terra, desde 1824. Foram os avós de Hugo Weber que abriram a área e começaram a plantar cana de açúcar. “O nosso engenho lá embaixo era tocado a mula e boi. Não tinha motor, depois a gente comprou um motor a gasolina, depois veio a luz elétrica”, conta.
No começo, a família produzia cachaça para o consumo e pra abastecer a vizinhança. O pai de Hugo construiu o primeiro alambique comercial na região em 1948. “Nós tínhamos oito irmãos e ninguém queria trabalhar na cachaça. Depois que ele nos deu o alambique eu prometi que ia cuidar”, conta.
Hugo Weber casou com Eugênia e tiveram quatro filhos, que hoje tocam a propriedade com a ajuda de maridos e cunhados. Foram eles que, há dez anos, decidiram mudar tudo no local.
Evandro Weber, diretor comercial da empresa, conta que o primeiro passo foi trocar o cultivo convencional da cana pelo sistema orgânico. “Nós aplicávamos com a mão a uréia, e sempre tinha que ser em dias molhados. Um certo dia eu queimei as pernas e as mãos e abriu, virou uma ferida e em 2004 tomamos a decisão de não usar mais porque eu fiquei quase três semanas com a pele aberta”, conta.
O canavial da propriedade tem 22 hectares. Todos os resíduos produzidos na fabricação da cachaça voltam pro campo em forma de fertilizante. O bagaço da cana e o vinhoto, líquido que sobra no processo da destilação, são transformados em composto orgânico. 
O vinhoto, também é aplicado puro no canavial. Como explica o agrônomo, Fábio Sato, que dá assistência técnica à propriedade. “Ele é rico em matéria orgânica, principalmente em nitrogênio, que é o principal nutriente que acelera a decomposição da matéria seca e os outros nutrientes que ele fornece para a cana”, diz.

“Em média, hoje colhemos 105 toneladas de cana por hectare. É uma boa produtividade para um sistema orgânico. Aqui no Rio Grande do Sul, a média é de 60, 70 nos sistemas convencionais”, afirma o agricultor Evandro Weber.

Do campo, a cana segue direto pra destilaria onde é esmagada três vezes, pra extrair o máximo de caldo. Por dia, a empresa esmaga doze toneladas de cana. O caldo cai em um filtro que retém as fibras ,  em seguida, vai para o decantador onde as impurezas são separadas do caldo.
Passo seguinte é padronizar o teor de açúcar, adicionando água ao o caldo de cana. Em seguida, a mistura segue pra fermentação. “O processo de fermentação basicamente é a transformação do açúcar em álcool. Quem faz essa transformação são as leveduras específicas pra esse tipo de atividade bioquímica”, explica Valdail dal Pizzol, químico da empresa.
As leveduras são microorganismos da própria cana. O processo de fermentação dura entre 18 e 24 horas. Depois disso, o produto está pronto para a destilação, que acontece em um alambique de cobre.
“O caldo de cana vem fermentado, primeiramente, para o pré-aquecedor, a uma temperatura de 75 graus, e depois disso para o destilador, que é um alambique de cobre, onde esse caldo vai ser aquecido a uma temperatura de 92 graus. Dele sai a cachaça em forma de vapor, pelo pré-aquecedor e por último para o resfriador, onde a cachaça vai sair em forma de líquido”, explica José Welter, mestre alambiqueiro.
Por dia, a empresa produz quase dois mil litros de cachaça, mas nem tudo isso é aproveitado: 20% do total são separados. São as chamadas cachaças de cabeça e de calda. “A primeira parte que é a cabeça, tem o teor alcoólico de 70 até 60. Depois vem a parte do coração que é dos 60 até o 40 de teor alcoólico. E abaixo de 40 é a parte da calda”, diz Evandro Weber.
A destilaria produz 1600 litros de cachaça de coração por dia. Parte dela, vendida como cachaça branca, vai descansar em tanques de inox, por pelo menos um ano. O restante segue para o processo de envelhecimento em barris de madeira.

“O processo de envelhecimento é o processo que vai dar à bebida melhor qualidade. Primeira coisa: como a madeira permeia oxigênio, vai haver uma modificação e formação de compostos, principalmente ésteres, que dão o bouquet à bebida. Outra grande modificação é a absorção pela bebida destilada, dos óleos essenciais das madeiras onde a bebida foi colocada pra descansar. Cada madeira utilizada vai emprestar uma cor, um sabor e um aroma característico àquela madeira”, explica o químico Erwin Weinmann.

Weinmann conta que a diversidade da flora nativa do Brasil, também nos dá uma grande variedade de madeiras que enobrecem a cachaça: “Nós temos mais de 25 madeiras cadastradas e em condições de envelhecer bebidas”.
O produtor ainda pode misturar essas bebidas diferentes para fazer blends. Weinmann explica como descobrir se uma cachaça é boa ou não. “A primeira é a transparência da cachaça, ela não pode estar turva. O que a gente vê são as lágrimas que ela forma, a untuosidade da cachaça. Ela tem que estar untuosa e fazer algumas lágrimas ao redor da taça”.
Quanto mais tempo dentro do barril, melhor a bebida. No alambique existem cachaças envelhecidas de 1 a 12 anos. As melhores são engarrafadas em um processo bem artesanal, com rótulos e lacres colocados um a um, manualmente.
Há um investimento muito grande na apresentação das cachaças. Inclusive, uma variedade enorme de garrafas e uma ainda mais especial, feita em comemoração aos 65 anos da empresa, cujo rótulo é folhado a ouro. “A gente faz o nosso próprio molde de garrafa, registra como patente esses moldes, e nenhuma outra cachaçaria pode usar esse molde porque é de propriedade intelectual nossa”, conta Evandro Weber.
A empresa produz por ano 250 mil litros de cachaça e com tanto investimento e capricho, esse é um produto valorizado no mercado. O preço varia de 50 a 2700 reais a garrafa.
No entanto, para chegar nesse ponto, foi preciso muito investimento. “Na estrutura nós estamos investindo, cada ano, praticamente um milhão. Em média, o custo para produzir um litro de cachaça varia de 20 até 500 reais”, declara Evandro Weber.
Hoje, quase 40% da produção é exportada. Denise Holler é a gerente de exportação da empresa. “Exportamos para a América, Europa e Ásia. O estrangeiro gosta de cachaça quando ele sabe o que é a bebida”, afirma.
Gary Qing veio da China ao Brasil, especialmente para conhecer a cachaçaria e ficou impressionado: “É muito bacana. Muito bonito. O processo é limpo, parece muito bom”, diz. Gary quer levar a cachaça brasileira pra China. “Nós viemos aqui para comprar. Eu acredito que temos um bom mercado para essa bebida na China”, afirma.
Fazendo sucesso mundo afora, a cachaça Weber hoje garante o sustento de cinco famílias. Evandro Weber afirma que além de ganhar dinheiro, aqui se trabalha pra dar à bebida típica do Brasil o reconhecimento que ela merece: “Acho que é um produto nosso, nós temos que valorizar e nós vamos levantar a bandeira da cachaça e vamos chegar a dizer: cachaça com muito orgulho”, declara Evandro Weber.

Fonte: Globo.com


segunda-feira, 9 de março de 2015

Aprenda a fazer um saboroso beijinho de caipirinha

Que a cachaça é um símbolo nacional ninguém discorda e suas possibilidades surpreendem sempre os admiradores desta bebida, para aumentar ainda mais o seu repertorio gastronômico o post de hoje do Cachaça & Negócios ensina uma deliciosa receita de beijinho de caipirinha.



Ingredientes
1 lata de leite condensado
2 colheres de sopa de manteiga
50 ml de cachaça
Açúcar cristal
Raspas de limão para decorar
Opcional: suco de um limão e ½ caixa de creme de leite

Modo de preparo
Leve ao fogo uma panela com o leite condensado, o creme de leite e a manteiga. Vá mexendo em fogo baixo até dar ponto e desgrudar da panela. Tire um pouco do fogo e adicione a cachaça, e o suco do limão. Volte à panela ao fogo e deixe dar o ponto novamente. Use uma assadeira untada (de manteiga) pra colocar a “massa”, e deixe reservado até esfriar.

Pra fazer as bolinhas: unte as mãos com manteiga, pegue um pouco da “massa” e vá boleando, fazendo movimentos circulares. Passe a bolinha no açúcar cristal, com raspas de limão, para decorar. (Obs: existe um açúcar especial, de confeiteiro, que parece um gelo triturado e também é uma boa opção).

Bom apetite!