Em uma
verdadeira biblioteca de cachaças, o administrador de fazenda Messias Soares
Cavalcante, de 62 anos, em Alfenas, no Sul de Minas, conseguiu reunir em 20
anos mais de 12,2 mil garrafas da bebida genuinamente brasileira. As pingas
estão catalogadas em ordem alfabética e se destacam pela boa conservação,
curiosidades e pelos exemplares raros, que podem custar até U$ 10 mil, cada.
Atualmente, o
colecionador anda sorrindo a toa, não por que gosta de degustar as
“branquinhas”, mas por ter recebido há uma semana o título de maior
colecionador de cachaça do mundo pelo Guinness World Record. O recordista exibe
o documento oficial que veio dos Estados Unidos e diz que está orgulhoso de ter
trazido o certificado para Minas Gerais.
Entre novas
aquisições e garrafas repetidas, a coleção de Messias soma hoje 13.012
exemplares, de 1.670 cidades, confeccionadas por 6.249 produtores de 14 países.
A maioria do acervo foi produzida em Minas: 5.195 garrafas. A segunda colocação
é para São Paulo, com 3.372 e o restante veio dos outros estados brasileiros,
além das que foram adquiridas em Portugal, Argentina, Bolívia, Venezuela,
México, Panamá, etc. Tudo começou quando Messias trabalhava no Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo.
Durante uma das
inúmeras viagens que fazia pelo Brasil, encontrou uma cachaça com nome
interessante e comprou. A partir daí, não parou mais. O grande acervo foi
formado com aquisições em supermercados, bares, lojas especializadas e de
antiguidades, leilões, pela internet e compra de coleções já existentes.
A coleção ocupa
uma área de 130 metros quadrados, dividida em três salas construídas ao lado da
casa da Fazenda Espigão, na zona rural de Alfenas, que Messias administra e mora
com a esposa há 15 anos.
As milhares de garrafas de todos os tamanhos e formatos foram numeradas e
catalogadas de A a Z, e ficam armazenadas em prateleiras de alvenaria, cada uma
embalada em plástico transparente.
Lá estão desde garrafas finas e raras até algumas de plástico PET. Há os
tradicionais recipientes de vidro e outros de cristal, porcelana e metal.
Alguns são revestidos de couro, palha, folha de bananeira e serragem.
Pesquisadores da
bebida indicam que a comercialização de cachaças em recipientes individuais e
rotulados teve início no fim do século 19. Um capítulo à parte das bebidas é a
variedade dos rótulos.
Messias comenta que a maioria não é possível datar, pois as garrafas geralmente
não trazem essa informação, mas ele calcula a antiguidade pelo tipo de material
usado nos rótulos, como alguns confeccionados em papel e pintados a mão à bico
de pena ou tecido.
Outros são de plástico ou jateados com tinta no próprio vasilhame. O recordista
acredita que a mais antiga é de 1928, uma das poucas datadas.
Messias explica
que gastou mais de seis meses para reunir toda a documentação que comprovasse a
coleção, mas que o esforço valeu a pena. “O último recorde foi conquistado por
um pernambucano em 1999 e ficou com ele até o mês de maio. Agora, o trouxemos
para Minas Gerais. Estou muito feliz por isso”, disse.
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